quinta-feira, 14 de maio de 2009

On the road, 66



O moleiro da minha aldeia, sempre branco dos pés aos cabelos, ele que tinha cabelo branco, passeava-se numa carrinha igual a esta pelas vielas apertadas da aldeia. Passeava-se, isto é, distribuía aos sacos, a farinha pelos clientes, que incluíam as pequenas mercearias espalhadas por um vasto território antes percorrido numa carroça puxada por uma mula.
Parece que ainda estou a ouvir barulho do motor, os amortecedores trazeiros no limite da compressão, tal era o peso dos sacos de farinha que subiam até ao tecto, a carrinha mais parecia uma rampa de lançamento. Por vezes ficava entalada nos trilhos esculpidos na ardósia por centenas de anos de rodas de carroças puxadas por mulas. Era uma questão de largura de eixos. Mas o motor aí é que mostrava o que valia, e o moleiro não exitava em tirar partido de toda a potência dos cavalos, agora que tinha cavalos à disposição.
Depois de vencidos os obstáculos, chegava á loja do Ti Francisco, o pai do meu padrinho, e descarregava um saco que transportava de maneira muito própria, a mão na anca, o cotovêlo sobreelevado compunha uma base triangular se contarmos com os ombros . E era ali que, com um movimento de ombro e a ajuda da mão livre, como num golpe de judo, transportava o saco pesado, de farinha que , diz-se, nunca sujou o moleiro. Pois ele era todo branco, com um ligeiro ton amarelado, como a carrinha.
Já a mula, essa parece-me que era cinzenta. Pois.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

WHEN THE FUTURE MEETS

Neri Oxman

Materialecology

Explorem.