terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Projecto " Ó bar "




( h.ventura)
Dado o estado em que se encontra actualmente esta construção, projecto e obra que marcou a minha vida de arquitecto, nunca imaginei que o nome original deste bar de grande escala fosse tão apropriado ao seu destino: Ó bar ...
Actualmente uma ruina vandalizada após dois incêndios, nódoa negra no centro da cidade de Ovar, mesmo em frente ao centro de artes ainda em construção.

Deixo aqui umas imagens de 1999 e 2000, altura em que terminou a obra. O processo e o projecto iniciaram-se em 1995, e foi muito curioso...

Hoje, resta alguma saudade dos momentos de stress e das inúmeras e longas conversas em torno dos esquiços do Sérgio, onde eu riscava, e dos meus esquiços, onde o Sérgio intervinha, ora riscando , ora lembrando a necessária coerência gramatical da frase.

E as idas á obra a pé, desde o escritório onde também trabalhavam mais arquitect(a)s , para esclarecimentos e desenho "in loco", visitas quase diárias em certos períodos.

O construtor , o sr. Matias, uma das melhores pessoas com quem trabalhei. O Sérgio, colega de profissão, foi a pessoa certa para me acompanhar nesta tarefa e muito deste bar a ele lhe pertence. Lembro também uma conversa com o Rogério, depois de uma primeira proposta assente numa base triangular, dizer: "falta-lhe talvez aqui uma curva...", (pois pensava-se numa ligação rodoviária desde o casal até ao parque Sra da Graça).
E uns dias depois já o projecto era outro. Ah! e a proposta de um pião gigante em madeira, proposta que fiz chegar à CMO para o largo em frente à escola da Oliveirinha, (doce ingenuidade!). No, entanto preocupado com o pião , não fosse a ideia ser aceite, lá fui eu a Lisboa a um congresso de construção em madeira. Aí conheci o Eng. belga que projectou e dirigiu a execução da estrutura de madeira para o pavilhão Atlântico, pessoa muito cordial, (quando lhe disse que tinha estudado no Porto quase me fez uma vénia, o que muito me embaraçou!). Falei-lhe deste projecto, uma breve descrição, e a opção da madeira nunca mais foi abandonada...

Pena é que até hoje não me tenha surgido mais nenhuma oportunidade para articular ferro, betão, madeira numa outra obra. A gramática construtiva como princípio estruturante... e o sítio como fonte de dinâmicas de contradição. A função, essa sempre se adaptará por exemplo, a uma gare de barcos, prontos para o transporte das nossas vidas, e de todos os que passaram por este Bar. Ó bar...

os esquiços...

O sérgio e o Sr. matias...


Vista para sul, desde o andar



o Sul.


Os espaços de conflito...

e o que daí resulta...


Uma porta-biombo e um café à beira do lago...

A sala maior,

volumes poente,


e com os pés na água...

e também os joelhos.
e as mãos.

domingo, 28 de dezembro de 2008

Casa em Leiria








um projecto de 2000 que se concluiu em 2004.
dono da obra: josé carvalhana silva
construtor: Betonit
colaborador essencial: bruno soares, arq.
Projecto: h. ventura




Quando a obra se concluiu, não me foi permitido tirar fotos do interior, facto que lamento. Posso dizer que no interior está a virtude deste projecto, onde ganham especial relevo as transparências entre espaços perfeitamente definidos e que pela presença de um jardim interior ao nível do r/c que separa a zona de estar da sala de refeições, e de um sistema de escadas que rodeia um saguão que percorre os três pisos, (fornece algum dramatismo cénico...), conseguem-se transparências na vertical, equilibrando muito a horizontalidade, constante em muitos dos projectos onde intervenho.
Vista interessante é a do jardim interior a partir do saguão ao nível do piso da cave, vendo-se as plantas (bambús) num nível superior, entre superfícies espelhadas. Especial cuidado na iluminação, que acentua muito as superfícies e os percursos.
Um dia pode ser que revisite a casa e consiga as fotos, o que duvido.